terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sempre tive complexo com o meu celular porque ele nunca está acompanhando os lançamentos. É fútil, eu sei, mas imaginem que até o meu primeiro celular já era defasado. Minha mãe comprou um pra ela e eu fiquei com o antigo, e assim foi minha sina.

Pra dizer a verdade, não me importava muito em ter um celular com poucas funções, o que mais me incomodava eram os comentários das pessoas quando eu tirava o dito cujo da bolsa. Passei cada vergonha, mas enfim, minha mãe dizia que, quando o celular quebrasse, eu ganharia um novo.

Nunca cheguei a quebrar um celular pra ganhar outro, mas confesso que, toda vez que o meu celular caía no chão, eu pensava: “quebra, desgraçado!”. Mas, como diz o ditado, “vaso ruim não quebra”. Teve uma vez que o meu celular caiu e de despedaçou em uns 8 pedaços. Aí fiquei superfeliz, fui juntando todas as peças (com uma cara de chateada, claro) e quando fui ligar, não é que funcionou? Ai que ódio. Depois dessa queda, percebi que a solução seria eu economizar e comprar outro.

Um dia eu fui assaltada e roubaram a minha bolsa com tudo dentro. Foi um pesadelo, horrível, fiquei traumatizada, mas o assunto não é o assalto, e sim o meu celular insuportável que o ladrão levou embora. Ele deve ter ficado com ódio quando abriu a bolsa e encontrou um celular com tons monofônicos e sem tela colorida. Mas eu, só em relação ao celular, fiquei feliz, agora seria a minha grande chance.

Passada a confusão do assalto, boletim de ocorrência, delegacia e o escambau, eis que eu pergunto para minha mãe: “Mãe, e o meu celular?”. Não preciso dizer que estava toda feliz, né? E ela: “Fica com esse que era do teu pai até a gente resolver o que vai fazer”.

Três anos depois, estou com o mesmo celular, totalmente desatualizado. A única coisa que ele faz é ligar. Ah, e agora tem tons polifônicos, numa época em que todos os outros tocam mp3. Tudo bem, já estou acostumada. Em algum momento no meu passado eu conclui que só quando recebesse meu próprio salário teria a chance de ter um celular digno.

Decidi que iria trocar meu celular quando, toda vez que ele caía no trabalho, as pessoas perguntavam em tom de felicidade “E aí? Quebrou?”. Fui à loja, já tinha pesquisado o modelo que eu queria e comprei um daqueles smartphones, que não têm teclado, têm um bando de funções, enfim, top de linha. O vendedor estava todo empolgado me mostrando o celular, quando eu pergunto a seguinte coisa: “Mas... Ele vibra quando toca?”. Isso é que dá não estar acostumada com a tecnologia.

A coisa mais chata em comprar um celular novo é digitar toda a agenda do anterior (porque o meu outro era tão antigo que não tinha chip). Passei um tempão para concluir essa tarefa por dois motivos: primeiro porque minha agenda é enorme e segundo porque, não sei se acontece com vocês, mas as pessoas me dizem um número de telefone eu vou digitando simultaneamente outro número. Por exemplo, olhei na minha agenda “8746” e digitei no celular novo “8945”. Conclusão: fiquei com um monte de números errados, não conseguia falar com ninguém e tive que ir corrigindo à medida que eu percebia os erros. Acho que ainda tem um monte de número errado na minha agenda.

Todo mês eu gasto uma fortuna de celular, sendo 80% de mensagem de texto. Prefiro mil vezes conversar por mensagem do que falando. Agora que troquei de celular, esse novo não tem teclado, só aquela canetinha insuportável. Quis ser chique, tive que pagar o preço. No início demorava anos para digitar uma mensagem, dava até preguiça ter que digitar letra por letra, eu já era a mestra no “código Morse” das letrinhas no teclado. Poderia digitar um texto inteiro sem olhar para a tela. Agora sou uma analfabeta digital, parece aquele povo que fica teclando no computador só com o indicador.

Fiquei com um ódio temporário do meu novo celular, até que, após muita insistência, estou a poucos passos de virar a mestra em digitar mensagem com a canetinha. Mudando um pouco de assunto, tenho um ódio mortal dessa caneta. Quando eu comprei achei super chique, mas é muito pouco prático. Conclusão: tenho preguiça de usar a caneta e fico mexendo com o meu dedo. É muito mais legal, só não dá pra mandar mensagem.

Agora meu complexo de celular velho acabou. Ninguém mais me avacalha, ninguém mais torce pro meu celular quebrar, não tenho mais tons polifônicos, enfim. Mas se eu pudesse voltar no tempo, acho que não compraria um tão moderno. A única função que eu uso é a de ligar mesmo...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"Você sabe contar até quanto?"

De todas as perguntas eu faço para as crianças durante a consulta de pediatria (calma, quem me conta mesmo as coisas é a mãe, mas é que eles gostam de participar também. Nossa, que parêntese grande! Sobre o que eu tava falando mesmo?), a pergunta que tem as respostas mais inusitadas é: “Você sabe contar até quanto?”

Matheus, 7 anos: “até 39!!”

Giovanna, 8 anos: “até depois do sessenta e um”

Marcelo, 5 anos: “até o infiniiiiiito!”

Pedro, 4 anos: “até..hm.. pera! Um, dois, três quatro...”

Ruan, 6 anos: “até a hora que eu cansar”

Ana Clara, 7 anos: “Contar é fácil. O problema é somar.”

Vitor, 5 anos: “quer apostar quem conta mais?”

Carolina, 4 anos: “sei contar até a quinta-feira”

Gabrielle, 7 anos: “Contar não tem fim. Então não sei até quanto eu conto.” (Odeio criança precoce).